domingo, 17 de julho de 2011

A louca.

Encontrei uma ex-aluna minha na locadora. Não a via há uns 3 anos, apesar de nos termos no orkut e facebook, não nos falamos. A primeira coisa que ela me perguntou foi se eu continuava dando aula na mesma escola, e a segunda foi perguntar do meu filho. Não simplesmente do Matheus, mas do meu filho:

Aluna: Você teve um filho né? Como ele tá?
Eu: Tá bem, tá com 1 ano já.
Aluna: Louca!
Eu: Ué, louca porque?
Aluna: Você é louca. Quem é o pai?
Eu: Aquele meu ex-namorado de 5 anos.
Aluna: Ah tá, menos mal...rs
Eu: Risos.
Aluna: Deixa eu ir então, louca.
Eu: Vai lá, beijo.

Man, what the fuck? Eu acho engraçado.

Quando eu contei pras pessoas que estava grávida, a maior preocupação das pessoas era o teatro (a minha também era, e é. mas o matheus vem primeiro), mas durante a gravidez inteira a preocupação era o pai, e as pessoas só pararam de perguntar dele quando o Matheus já tinha uns 6 meses, porque daí elas perceberam que nada iria acontecer mesmo...
Mas o dia mais bizarro da minha vida foi na semana que o Matheus nasceu. Eu estava de 8 meses e meio, pelas contas faltavam 20 dias pro Matheus nascer, e eu estava no caixa eletronico do shopping e um carinha que tinha estudado comigo na 8a serie passou por mim, dai a gente se falou e ele disse "é, sem camisinha é melhor né?" com uma cara de "vai trouxa, ninguém mandou".
Eu achei tão tosco, porque eu tinha passado por todas as crises, ouvido um monte de conselhos e asneiras, e me brota esse ser pra me falar da minha vida sexual #cejura. Nesse momento eu fiquei pensando se sempre iria ter gente pra falar esse tipo de merda, tipo eu andando com o Matheus no shopping, ele já andando, falando, correndo, na escolinha etc, e as pessoas ainda dizendo "hum, transou sem camisinha hein safadenha".  E então vem minha aluna e me chama de louca. Ok, then.

Outra ótima foi uma conhecida minha. Nos falamos pouco enquanto estava grávida, na verdade ela só ficou sabendo que eu estava grávida quando eu já estava de 7 meses, e ela ficou super preocupada, querendo me dar conselhos, que ela estava lá pra me ajudar, porque era uma situação delicada. E vocês sabem que pra mim foi e é super tranquilo, tudo lindo, quase hippie na minha maternidade. E eu fiquei, olha meu bem, tá tudo bem, mas obrigada. Tipo, nem sabia da minha vida e vem querer causar...beleza.
Daí na semana que o Matheus nasceu, eu o levei no pediatra do hospital, pq é rotina essa 1a consulta. E a menina aparece lá com a mãe e o sobrinho de 8 anos que estava doente, e faz o bendito comentário "você é louca". E as pessoas ficam muito chocadas, porque elas repetem "você é louca" várias vezes seguidas, sem se explicar nem conseguem dizer mais nada.

Loucura ter filho? Loucura ser mãe? Loucura ser mãe solteira? Ya no lo sé.

Eu sou normal, minha gente. Já falei que tinha preconceito sim, rompi minhas próprias barreiras, medos, mágoas, mas ainda tenho algumas barreiras, medos e mágoas e a maternidade traz outros tipos de barreiras, medos e mágoas, sim. E, sei lá, talvez o eu ser "louca" na visão das pessoas é eu ter enfrentado o medo do medo, a mágoa da mágoa, a barreira da barreira. Porque mudar dói. Mas a loucura maior é não mudar.